sábado, 29 de janeiro de 2011

" A chave que guardava a sua vida"



Esforçava-se para manter o controle, para se lembrar de quem era. Cada dia que passava se sentia mais confusa e não conseguia lembrar-se de nada, nem de que seu nome era Juliana. Na esperança de que sua memória voltasse ela olhava para todos os cantos da casa tentando reconhecer algum objeto, algum retrato, mas nada acontecia e isso já estava lhe causando uma grande angústia.

Sofrera um acidente andando de bicicleta na ciclovia no calçadão da praia chocando-se com um rapaz que vinha na contra mão, caindo e batendo com a cabeça no meio fio. Depois disso e após ser medicada concluiu-se que fora acometida por amnésia. Agora só o tempo e retornando ao seu meio de convívio é que poderia, a qualquer momento, começar a recuperar a sua memória.

Era hábito de Juliana sempre que saia para pedalar de levar um documento o que a identificou fazendo com que localizassem a sua irmã com quem morava num apartamento perto da praia.

Sua irmã Carol era psicóloga e desde o acidente estava sempre contando sobre elas que nasceram numa cidade no interior de Minas, que estavam morando juntas no Rio porque vieram cursar a Faculdade e depois que se formaram resolveram continuar a morar na Cidade Maravilhosa. Juliana havia se formado em administração e trabalhava numa empresa de grande porte onde estava de licença médica e só retornaria depois que estivesse recuperada.

Tinha mais de um mês que tudo isso havia acontecido e três vezes por semana sua irmã a deixava sozinha no apartamento porque dava atendimento aos seus clientes no consultório.

Sempre que ficava sozinha ficava falando sozinha e parecia até que reclamava dela mesma. Dizia olhando para o espelho:
- Não posso tomar minhas próprias decisões ou tomar qualquer uma com precisão. Parece que voltei a ser criança e tudo que faço é controlado. Não consigo ficar aqui parada sem fazer nada.

Depois de ficar algum tempo se olhando no espelho e tagarelando com ela mesma resolve se ocupar com outras coisas. Resolve passar o tempo revistando seus pertences, revirando tudo que encontra. Um dia ela criou coragem para colocar em ordem as suas roupas. Tirou tudo do armário e começou a olhar uma por uma e foi no puxar de uma das peças que algo caiu no chão. Abaixou para pegar e viu que era uma chave antiga com um laçinho de renda na ponta.

Levantou-se e olhando para a chave sentiu que lhe era familiar. Continuou olhando fixa para aquela chave, olhava atentamente e sua mente começava a identificar que algo era familiar. Dizia para si mesmo:
- Essa chave parece ser de um guarda roupa antigo ou de uma caixa. - Ou de um baú... ou ...
- É isso mesmo, me lembrei é a chave do meu baú – disse eufórica e com a voz rouca.
- É a chave do meu baú onde deixei guardado o meu diário, as minhas recordações de criança e outros objetos.
- Deixei em casa antes de vir para o Rio e trouxe a chave comigo para que meus pais não ficassem curiosos em saber dos meus segredos – falou toda feliz.
– Ôba, comecei a me lembrar de alguma coisa e acho que isso é bom e quero logo contar para Carol.

Juliana começou a se lembrar aos poucos de todos os detalhes e com a ajuda da sua irmã foi progredindo. Elas resolveram visitar os pais não só para matar as saudades, mas também para que Juliana pudesse rever os lugares de sua infância, sua adolescência, abrir o seu baú, reler o seu diário e recordar, através de seus objetos, momentos que ainda pudessem estar esquecidos em sua memória.

Graças à chave do seu baú secreto Juliana começou a se recuperar da amnésia e em pouco tempo já estava novamente trabalhando e com uma memória privilegiada.

RSantos

7a. Edição Desafio
Tema: Armário
6a. Edição Musical -
Música: "Playing God - Paramore"


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A minha linda bailarina

A minha linda bailarina

Mary que saudades que tenho de quando eras uma criança alegre, saudável. Depois começaram aquelas dores e veio a confirmação da leucemia.

Isso tudo gerou uma mudança radical na vida de todos que estavam ao teu redor. Durante dois anos levastes a sério o tratamento, suportastes a perda dos cabelos onde muitas vezes ficavas escondida para que ninguém a visse.

Até que voltastes a ter uma vida completamente normal, conquistastes vários amiguinhos apesar de sempre usar gorro ou um chapéu para não mostrar que estava sem cabelo.

Fostes crescendo sempre sonhando em ser uma grande bailarina até que enfim começastes as suas aulas de balé e foi assim que nos conhecemos e ficamos amigas. Agora já podia prender o cabelo, mas mesmo assim ainda usavas aquele gorro. Como sua professora de balé tive a felicidade de te acompanhar e ficar admirada com teu desempenho. Eras uma aluna exemplar e dançavas divinamente.

Lembra daquele espetáculo no final de ano que você deu um show de dança? Fostes maravilhosa minha bailarina querida.

Sei que após os exames de rotina os médicos verificaram que a doença ainda estava presente no teu corpo e tivestes que voltar ao tratamento todo novamente e que foi muito triste, mas com uma menina corajosa agüentastes firme.

Mary sei que vai precisar de um transplante de medula para ficar curada e logo estarás dançando novamente. Os seus familiares já fizeram os exames tem muito testes positivos o que não vai faltar doador. Fiquei tão feliz com essa notícia que até fiz umas piruetas aqui em casa que acabei escorregando no chão. Perdi o rebolando minha princesa.

Quero que saiba que és a minha dançarina preferida e que estou aqui esperando por você para juntas continuarmos as nossas aulas e mostrar a todos não só a grande bailarina que és, mas a menina corajosa, determinada e cheia de vida.

Um beijo carinhoso desta tua professora que te adora

Ana

28a. Edição Cartas
Tema: Doe Palavras
Esta carta foi dedicada a um paciente do Instituto Mario Pena criador do projeto "Doe Palavras"  

Imagem meme

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

' O PASSEIO NA FLORESTA "



Final de semana chegando e Carol estava toda feliz porque iria para um passeio na Floresta da Tijuca com seus amigos que também eram apaixonados por Botânica.

Estavam cursando o terceiro período de Ciências e estagiavam no Departamento de Botânica da própria Universidade. Principalmente Carol adorava os estudos científicos da vida das plantas, fungos e algas. Estar em contato com a natureza era essencial para ela que nasceu no campo, viveu a sua infância em contato direto com a terra, com as plantações de milho, os seus cuidados, a colheita e tudo o mais que está ligado à vida na fazenda.

Finalmente chegou sábado e Carol, Ana, Gilberto e Francisco seguiam para o seu passeio na Floresta onde pretendiam admirar a beleza do local, conhecer o Parque Nacional e observar de perto as famílias de plantas e todas as espécies de fungos que ali se desenvolviam.
Cada um levava a sua mochila equipada com os primeiros socorros, máquina fotográfica, um lanche e o primordial que era um cantil com água fresquinha.

Chegando à floresta caminharam em conjunto com outros grupos, mas em determinados locais paravam para olhar alguma espécie de rara o que os fez se isolarem. Começaram o seu passeio no raiar do dia porque queria voltar para casa ainda com o dia claro.

Carol parecia que estava num mundo encantado que por diversas vezes teve que correr atrás de seus amigos para não se perder. Olhava tudo a sua volta e não se conteve de felicidade ao passarem por uma ponte sob um pequeno rio. Ficou parada escutando o barulho das águas, dos grilos, dos pássaros que não se deu conta do tempo. Quando olhou a sua volta estava sozinha e seus amigos também entretidos seguiram em frente e nem perceberam que a amiga não estava junto deles.

Ficou sem ação, mas não perdeu o controle e resolveu ficar algum tempo ali na esperança de que a Ana desse por sua falta. Achava mais provável à amiga sentir a falta dela do que o Gilberto ou Francisco. Havia pegado no meio do caminho uma pequena florzinha de margarida e a segurando entre seus dedos continuou admirando o rio com suas águas transparentes.

Passado uma meia hora ela avistou um casal e resolveu segui-los, pois pelo menos chegaria a algum lugar. Para sua alegria depois de uns minutos caminhando avistou seus amigos que já tinham sentido a sua falta e estavam voltando ao seu encontro.

Enfim juntos foi um reclamando do outro, mas a Carol para acalmar a todos pediu desculpas dizendo que a única culpada era ela.

Gilberto chegou a perguntar o que ela havia sentido quando se viu sozinha já que podia ter ficado ali perdida como muitos jovens já tinham passado por isso.

Carol confessou que apesar de ter procurado ficar calma sentiu um friozinho na espinha. Tentou controlar o medo concentrando-se na beleza do rio e na companhia da linda margarida que tinha entre seus dedos.

Todos começaram a rir de tão sutil explicação e alegres seguiram em paz o caminho de volta para casa satisfeitos com tudo que tinham visto nesse belo passeio.

RSantos
53a. Edição Visual



7a. Edição C& F
Tema: Começar coma letra "F" e terminar com a letra "O".

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

" SORTEIO DO LIVRO - A PLANTA DA DONZELA "

O Blog Primeiro Livro em parceria com o escritor Glauco Mattoso que enviou uma de suas obras literárias está promovendo esse maravilhoso sorteio.

Participem!!!!

Inscrições até o dia 30/01/2011

Veja mais detalhes AQUI


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

" ENFIM SEGUINDO VIAGEM"


Leo e Carol finalmente tinham conseguido pegar a estrada a caminho de Rio das Ostras. Trabalharam o ano inteiro pensando neste momento de curtirem a casinha de praia que com certeza estaria precisando de uma geral em todos os sentidos.

Trabalhavam juntos em consultoria de eventos e o ano tinha sido muito bom que até conseguiram comprar o carro de seus sonhos. Pareciam duas crianças viajando com a capota de seu conversível aberta e com o som nas alturas.

Estavam super felizes e para quem os visse naquele momento só podiam dizer que era um casal alegre e cheio de amor para dar, mas há algumas horas atrás não era bem assim que o quadro se mostrava.

Leo como sempre deixava para arrumar sua mala na hora de sair enquanto Carol já começava a fazer há sua uma semana antes, separando tudo o que fosse necessário também para utilizar na casa.

Começaram a colocar tudo no porta mala do carro conferindo para ver se nada estava faltando. Verificaram as janelas do apartamento onde moravam, registros, desconectando da tomada o que fosse necessário.

Estando tudo certo foram para o carro e quando entraram verificaram que estava faltando uma coisa muito importante – a chave. Começa então a briga para saber com quem estava, onde um empurrava a culpa para o outro. Depois de muita discussão iniciaram a procura da preciosa chave, pois nem a de reserva eles tinham providenciado.

Saíram do carro, abriram o apartamento, reviraram tudo e nada de achar a chave. O Tempo passava e Leo já estava ficando preocupado com a hora porque não queria pegar a estrada a noite.  Já cansados resolveram adiar a viagem para procurar com calma ou até fazer um chave nova no dia seguinte bem cedo.

Foram até o carro e começaram a retirar tudo que estava no porta mala por não ser seguro e também por ter alimentos perecíveis. Quando estava fechando o porta malas Carol viu algo refletir no fundo e quando colocou a mão viu que era a chave e começou a gritar e pular de alegria dizendo que havia encontrado a chave.

Ela estava ali o tempo todo e nunca a encontrariam, pois estava enterrada bem fundo e só apareceu a ponta em virtude da retirada das malas e dos outros embrulhos e sacolas.

Assim ficaram mais animados e colocaram tudo de volta nos seus devidos lugares e enfim estavam seguindo viagem.

RSantos

52a. Edição Visual
50a. Edição Conto/ História
Tema: E nunca a encontrariam, pois estava enterrada bem fundo.

imagem do projeto

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

" VOCÊ É INESQUECÍVEL "


Estava de férias e acabara de chegar do Shopping onde fui fazer algumas comprinhas básicas. Como sempre assim que me livrei dos embrulhos fui verificar havia algum recado na secretária eletrônica.
Dei o star e fiquei escutando as mensagens enquanto pegava um copo d’água.

De repente escuto o meu amigo Júnior dizendo:
- Lúcia precisava tanto que você estivesse em casa e pudéssemos bater um papo. A minha vida está um bagaço e não sei mais que caminho seguir. Espero estar aqui ainda quando me ligar. Beijos

Fiquei preocupada com o tom da voz dele e antes mesmo de trocar de roupa tinha que falar com o Júnior. Fui para o quarto e deitando na cama peguei o telefone e fiz a ligação. Deu ocupado. O que me restava era esperar e tentar uns minutos mais tarde.

Podem dizer que já não existem amizades como antigamente,mas para nós isso não vale porque vivemos um sentimento de amor que se solidificou em uma grande e forte amizade. Junior era um amigo do coração, um amigo para qualquer hora e sabia que ele sentia o mesmo por mim.

Tentei novamente e para minha felicidade ele atendeu.

- Oi Júnior o que foi que aconteceu para você me ligar tão aflito? Fui logo perguntando.

- Amiga acredita que ainda estou desempregado? Estou há mais de seis meses passando por diversos processos seletivos e até agora nada. Já recebi a última parcela do seguro desemprego e se continuar assim o dinheiro acaba. Disse num tom de revolta.

- Calma que sua hora vai chegar e quando menos esperas alguma empresa vai te chamar. Não adianta você perder a calma porque assim só vai te prejudicar. Saiba que pode contar comigo a hora que precisar que sou sua amiga para todos os momentos.

- Obrigado Lúcia, mas a verdade é que já estou velho. Quando a gente passa dos quarenta eles já consideram ultrapassado. Os tempos de glórias acabaram. O tempo dos sonhos acabou para os mais experientes.

- O que é isso Cara, cai na real: você é inesquecível. Quem não vai querer os serviços de um Engenheiro de produção da sua competência? Parece até que você não está acompanhando a necessidade que o mercado tem de profissionais com a tua experiência. Quantos projetos de suma importância constam em seu currículo. Você é um profissional fantástico. Você é inesquecível como ser humano, como amigo e como profissional. Disse com o coração cheio de emoção. Falei tanto que o telefone ficou mudo e parecia que não havia ninguém do outro lado da linha.

- Você está aí Júnior? Está me ouvindo? Perguntei aflita com o silêncio.

- Estou aqui sim. Fiquei emocionado com suas palavras que não me controlei minha amiga. Respondeu com uma voz rouca.

- Aceita um convite para jantar comigo? Acho bom aceitar, pois estou de férias e vou fazer aquele suflê de queijo que você adora. Falei num tom de brincadeira e dando umas risadas.

- Poxa esse foi um golpe baixo. Como posso rejeitar um convite desses. Claro que aceito e mais tarde estou chegando aí e se prepara para me agüentar porque ultimamente estou insuportável.

- Está bem então venha, mas para mim você é um cara inesquecível e maravilhoso. Estou te esperando e não se atrase porque costumas me deixar esperando e morrendo de fome. Beijos

Corri para tomar um banho e começar a preparar o jantar. Estava feliz em saber que o Júnior estava com a voz mais confiante. Era só questão de paciência e tudo ia voltar ao normal.

RSantos

2a. Edicion Filme 
 O tempo dos sonhos acabou

2a. Edicion Livro
Cara, cai na real, você é inesquecível

imagem NET

" É TÃO BOM O AMOR

É tão bom o amor”

É tão bom ouvir sua voz me dizendo que gostas de mim
É tão bom poder estar com alguém tão lindo assim
É tão bom sentir o coração bater mais forte
É tão bom ter esse sentimento dentro da gente.

É tão bom amar é ser amado
É tão bom estar apaixonado
É tão bom sentir teus beijos
É tão bom estar em teus braços.

É tão bom assim que não quero que acabe
É tão bom que vibro de tanta alegria
É tão bom que a cada dia esse amor cresce
É tão bom que de amor morreria.

É tão bom saber que podemos amar
É tão bom saber nele encontramos a vida
É tão bom saber que o amor nos leva a qualquer lugar
É tão bom saber como sou feliz de te amar.

RSantos
ism
2a. Edicion Sentimentos: Amor
Imagem NET

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

" Sem palavras "

Medir as palavras é importante quando você vive em um ambiente social e eu estava sentindo na pele o efeito de expor a minha opinião sem usar máscaras.

A sociedade através de pessoas que só tem olhos para os valores materiais e gostam de ostentar, de aparecer para levar vantagem nos impõem atitudes injustas e que não condizem com a vida de um ser humano. Como posso aceitar viver num meio onde as pessoas se toleram usando de hipocrisia e falsidade?

O que me levou a estar vivendo deste meio e neste ambiente de poderosos foi porque o meu amor vive nele, são suas raízes e é natural que esteja acostumado a não abrir a boca para falar o que sente e sim o que eles querem ouvir. Ninguém escolhe por quem seu coração vai se apaixonar e talvez a minha força esteja neste forte sentimento que nos une.

A família estava toda reunida em comemoração ao aniversário de meu sogro. Organizaram uma super festa e lá estava eu com meu marido com um dos meus melhores vestidos e procurando ser agradável e atenciosa. Depois do almoço todos se reuniram na sala de estar para um bate papo e tomarmos um café. Estava sentada no sofá quando a minha sogra junto com uma amiga sentou ao meu lado e fazendo as devidas apresentações falou:
- Gostei muito do seu vestido, mas bem que podia ser menos decotado minha filha. Estou observando que toda hora ficas segurando para não cair. Esse vestido não fica bem em qualquer um.

Sabia que ela estava me provocando, pois há algum tempo atrás eu disparava a falar o que achava. Como seria bom ela provar para sua amiga que eu não era a esposa ideal para seu filho, mas aprendi que para ser feliz era melhor ficar calada. Aprendi que a melhor resposta era “sem palavras”.

Rsantos
1a. Edicion - Frase Livro
imagem NET








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